
Não podemos deixar de contar, nessa primeira edição, sobre como nasceu a Revista Trancoso. Sua criação se deu pela necessidade de um espaço midiático de propósito coletivo, onde histórias importantes sobre a essência de Trancoso e região pudessem ser contadas e compartilhadas com quem visita esse lugar único de belezas naturais exuberantes e de um povo que preserva histórias e sabedorias de grande riqueza.
Mais ainda, a Revista tem a intenção de amplificar as vozes da comunidade, principalmente dos nativos, e ser um meio escrito com que todos possam se identificar. Para que isso aconteça, nos colocamos como meio, uma ponte. São essas pessoas que contam as suas histórias e de seus familiares, e constroem suas narrativas. Assim, resgatar, promover e preservar essas vivências e a cultura local, por meio da escuta e da conscientização sociocultural e ambiental, além de destacar a autenticidade do território e sua gente, são pilares fundamentais do projeto.
O primeiro número da revista partiu do encontro com o artista, nativo de Trancoso, Damião Vieira, que nos apresentou uma história esquecida sobre Maria Izaltação dos Santos, conhecida como Maria de Irênio, filha de Irênio, este conhecido como Mago do Almescar. Damião veio ao mundo pelas mãos de Maria de Irênio, poucas pessoas atualmente sabem que ela foi parteira, e concordamos que essa era uma história que precisava ser resgatada.
No acaso do destino, ou das conexões divinas, uma carta surgiu, de uma amiga para outra, mais de 40 anos de amizade. O destino da carta? Trancoso. A amiga a recebê-la? Janete, nativa que possui um restaurante no Quadrado de Trancoso. E foi ela que nos conectou. Quando vimos estávamos envolvidos em uma história de grande força enraizada nesse território. Janete, Silvana, Anilza, Dadá e Aniura (filha de Maria de Irênio), preservam uma potente amizade.
São essas amigas que ancoram essa edição, e a elas, dedicamos todo nosso amor, admiração e agradecimento por tantos ensinamentos e tantas histórias de força, espiritualidade, resiliência e conexão. As filhas das parteiras ainda preservam a mais importante forma de acessar memórias e a real essência de Trancoso, através dos encontros, do respeito às histórias e da AMIZADE!
O nosso muito obrigada à Janete Vieira, Silvana Vieira, Anilza de Oliveira Menezes, Aldair de Oliveira Menezes Andrade (Dadá) e Aniura dos Santos – celebramos e honramos a linda corrente de amor entre vocês! Agradecemos também ao Damião Vieira, os netos de Maria de Irênio, Robson dos Santos e Remiele dos Santos e a neta de Higina Cristo, Julieta Menezes Andrade. Sem vocês, que são sementes das pessoas que encontramos nesses escritos e guardiões dessas histórias, nenhuma narrativa seria possível.
Como editora da revista, agradeço muito a todos que se propuseram a colaborar com essa edição. Gente que compartilhou suas memórias e nos guiou por suas origens, como o artista indigena Tatu Pataxó, e também redatores, fotógrafos, ao apoio de Luigi Rotunno que surgiu com a ideia e viabilizou o projeto. O meu muito obrigado a essa aliança potente que se formou, semeamos um belo começo e a intenção é que mais gente possa participar, seja na produção escrita, de imagem, audiovisual ou ilustrativa, seja contando suas valiosas histórias.
Sejam bem vindos à Revista Trancoso!
Aline Alcântara – Editora